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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Desabafo

 Há muito que tenho tentado tirar força da fraqueza, há muito que tenho tentado socorrer o que ainda sobrou dentro de mim... Olho e percebo que nem meus textos fazem mais sentido, toda a inspiração e palavras bonitas que costumava ter se perderam, não há mais forças... nem palavras... nem nada.

 Minhas orações tem sido uma só: "Deus, o Senhor me quebrou por dentro, me esmiuçou, não há dentro de mim algo que tenha ficado inteiro, tudo se perdeu; eu sei que para que um vaso se torne novo é preciso quebrá-lo, mas, até quando?"

 Eu era tão forte, ou pelo menos me achava forte, mas hoje eu sei que não, tudo perdeu o sentido, minhas verdades ruíram, hoje eu sou apenas um rastro do que já fui, dizia para mim mesma que nunca iria cair, e hoje percebo como fui presunçosa, arrogante e orgulhosa; descobri em mim um ego maior que qualquer sentimento que eu pudesse possuir e exatamente por ser assim, não conseguia enxergar meu orgulho...

 Sempre procurei entender os erros dos outros e ajudá-los, mas, os meus erros? Não, de jeito nenhum! Eu não podia errar! Eu? Não! Não tenho o direito de errar, eu sou inteligente, tenho mais sabedoria que qualquer um da minha idade, eu não posso errar... não podia, não deveria, não, não e não; mas, eu não entendia que os erros não eram somente escolhas minhas, não era inteligente o suficiente para entender que os erros são mais que escolhas, ninguém escolhe errar e quebrar a cara, a gente faz a escolha e ela decide o que fazer com a gente, erros te rasgam a alma, mas, te fortalecem.

 A dor me possuiu e me fez ver muitas verdades, verdades que meu orgulho omitia...

 Talvez outro no meu lugar, teria desistido de enxergar a luz no fim do túnel e as lágrimas já teriam se secado, mas eu me lembro que um dia estive bem e não posso ser ingrata ao ponto de abandonar quem, eu sei, nunca me abandonou; talvez essa fé cega que tenho, essa certeza louca que tudo vai ser melhor, possa me dilacerar ainda mais a alma, mas é a única coisa que me sobrou, em meios ao cacos do meu eu, é tudo que sobrou da dor...


As noites quentes ficaram frias e as orações tem me mantido de pé.


  Ana Nascimento